A BHP sofreu uma derrota humilhante ao tentar bloquear a ação
judicial de Pogust Goodhead sobre o desastre da barragem de Mariana, o pior
desastre ambiental na história do Brasil.
Em 1º de junho de 2023, a Suprema Corte do Reino Unido
recusou permissão à BHP para apelar, significando que a gigante da mineração
enfrentará julgamento em outubro de 2024. A BHP estava buscando apelar da
decisão histórica proferida em julho de 2022, que permitiu oficialmente que o
caso – a maior ação coletiva da história – fosse julgado nos tribunais da
Inglaterra e País de Gales.
Nosso escritório, o Pogust Goodhead, pede indenização
avaliada em cerca de R$ 230 bilhões de reais para as vítimas da tragédia de
Mariana. Mais de 700.000 autores agora fazem parte do maior processo coletivo
da Inglaterra contra a BHP, uma das maiores empresas do mundo.
Nós consideramos que a BHP não conseguiu fornecer uma
indenização justa por meio da Fundação Renova. Como os responsáveis seguem
amplamente protegidos das consequências legais no Brasil, defendemos o direito
de prosseguir com o caso na Inglaterra, onde a BHP era sediada na época do
desastre.
O escritório de advocacia Pogust Goodhead representa mais de
700.000 clientes, incluindo milhares de empresas e membros de comunidades
indígenas que sofreram inúmeras perdas como resultado desse desastre.
A ação coletiva foi ajuizada contra a empresa
anglo-australiana BHP, que operava no Brasil através da mineradora Samarco, e é
a maior ação coletiva da história da Inglaterra.
Em 2022, o escritório ajudou as vítimas do desastre a reabrir
o caso nos tribunais ingleses, dando-lhes esperança de justiça e indenização
integral.
Após uma audiência de cinco dias no Tribunal de Apelação de
Londres, três juízes deram uma decisão unânime que permite que o caso prossiga
pelos tribunais da Inglaterra e do País de Gales.
A Corte de Apelação proferiu seu julgamento unânime afirmando
a competência dos tribunais ingleses para julgar a ação, garantindo que a BHP
terá que prestar contas sobre o seu papel no desastre de 2015.
A data do julgamento está marcada para abril de 2024, mas o
escritório tem esperança de que a BHP vai concordar em fazer o melhor para as
vítimas e fechar um acordo antes disso.
Em 5 de novembro de 2015, no distrito de Mariana, Minas
Gerais, uma avalanche de 40 milhões de metros cúbicos de resíduos tóxicos de
mineração percorreu um caminho de 700km de destruição, atingindo desde
hidrovias ao longo do Rio Doce até finalmente desaguar no Oceano Atlântico no
Espírito Santo.
A lama era composta por água e minério de ferro com resíduos
tóxicos, contendo metais pesados como arsênico, mercúrio, níquel e alumínio.
Soterrou comunidades inteiras, estações de tratamento de água, veículos,
vegetações e pecuária, contaminando terras e a água que sustentavam comunidades.
Aproximadamente às 15h30min da tarde, um vazamento foi
identificado na contenção da barragem do Fundão e uma equipe foi enviada ao
local para esvaziar parte do reservatório em uma tentativa de amenizar o
vazamento. No entanto, por volta das 16h20, a barragem de Mariana rompeu. A
onda de lama inclusive atingiu outra barragem, a de Santarém.
Parte da estrutura dessa outra barragem foi erodida após uma
quantidade inesperada de água e rejeitos que estavam nela atravessarem o dique
da estrutura. Inicialmente tinham reportado o rompimento dela da barragem de
Santarém também, o que depois descobriram não ser verdade. Os rejeitos de
Fundão passaram por cima dela, dando a impressão do rompimento.
O rompimento da Barragem de Fundão de Mariana aconteceu no
dia 5 de novembro de 2015, por volta das 16h20, no distrito de Bento Rodrigues,
a 15 km do centro de Mariana, Minas Gerais. Como a mineradora não tinha um
sistema de sirene ou aviso de emergência, nem implementou o plano de
contingência para proteção dos moradores, uma moradora que soube do incidente
tomou essa responsabilidade para si e passou pelas ruas de Bento Rodrigues de
bicicleta avisando da chegada da lama.
Quase 8 anos depois do desastre da barragem de Mariana,
muitos se perguntam: por onde andam e como estão, hoje, os atingidos pelo
rompimento? A verdade é que a probabilidade de essas pessoas conseguirem voltar
a ter a mesma vida que tinham antes é baixa; mesmo que recebam compensação
justa, acontecimentos como esse mudam a vida das pessoas para sempre.
Apesar disso, muitos dos que perderam suas casas, por
exemplo, continuam esperando a obra ser finalizada, ou, em alguns casos,
iniciada. Afetados relatam dificuldades e má vontade na análise de documentos e
aprovação de projetos, além de dificuldade de comunicação com as entidades
responsáveis por compensar as vítimas.
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